Haddad admite alterar de novo IOF e fala em 'corrigir distorções' em tributos dos bancos nesta semana, mas quer reformas estruturais

Governo negociou prazo de 10 dias com o Congresso para apresentar alternativas à elevação do IOF – onde já houve recuo após reação negativa do mercado. Pacote ainda não foi revelado. Haddad fala em corrigir 'outras distorções de tributação' e retomar reformas estruturais para rever alta contestada do IOF O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse acreditar que será possível "melhorar" a regulação do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), com novas alterações, assim como "corrigir outras distorções" relativas a tributos do sistema financeiro. Em entrevista a jornalistas na portaria do Ministério, ele também afirmou, nesta segunda-feira (2), que esses dois ajustes em tributos, necessários para fechar as contas do orçamento de 2025, têm de ser tratados em conjunto com reforma estruturais — ou seja, com mudanças permanentes em regras para gastos públicos. "Nós sabemos o que precisa ser feito. Precisamos tomar uma decisão política do que será feito. E, diante do que eu ouvi, acredito que nessa semana a gente possa resolver e melhorar tanto a regulação do IOF, mas aí combinado com as questões estruturais. Não dá para dissociar mais uma coisa da outra", disse Fernando Haddad. "Quer alterar o curto prazo? Altera o longo prazo junto, porque aí você faz uma combinação que dá para o investidor, para o cidadão trabalhador, do horizonte das regras do jogo daqui para frente, com previsibilidade, com transparência, e com discussão sobre a justiça", acrescentou o ministro da Fazenda. Questionado, Haddad preferiu não antecipar quais medidas serão anunciadas nesse pacote para "calibrar" – ou seja, reduzir o impacto – do aumento nas alíquotas do IOF. Ele indicou, porém, que a proposta encaminhada no ano passado pelo governo ao Legislativo, que sequer foi votada, de aumentar a CSLL dos bancos para fechar o rombo no orçamento deste ano, não deve ser enviada novamente. "A CSLL tem um problema que é a noventena [precisa de 90 dias para entrar em vigor]. Já estamos no meio do ano, ela não é o melhor remédio para o problema que estamos enfrentando agora", disse o ministro. Haddad afirmou, no entanto, que as "reformas estruturais vão voltar para a mesa" – sem citar quais. "Eu tenho duas alternativas. Uma é, com uma medida regulatória, resolver o problema de forma paliativa para cumprir as metas do ano. A outra, que interessa mais à Fazenda, é voltar para as reformas estruturais. Em 2023, várias foram feitas, nós ganhamos nota com as agências de risco, ganhamos prestígio, os investimentos voltaram", declarou. Questionado sobre a reforma administrativa, indicada por parlamentares como uma possibilidade neste momento, Haddad avaliou que há pontos que podem, inclusive, aumentar despesas, com as mudanças relativas à segurança pública. E voltou a defender limitação dos supersalários e mudanças nas aposentadorias dos militares. "Já mandamos algumas dimensões da reforma administrativa que, na minha opinião, deveriam preceder toda e qualquer votação: a questão dos supersalários e o acordo que foi feito com as forças [armadas] em torno de aposentadoria. Daríamos uma bom exemplo para começar a discutir esse tema começando pelo topo do serviço público", disse o ministro da Fazenda. ???? Em maio, o governo anunciou uma elevação no IOF cobrado sobre diversas operações financeiras – mas começou a recuar no mesmo dia, após reação negativa do mercado. ???? O Congresso começou, nos dias seguintes, a se movimentar para aprovar uma derrubada do decreto presidencial, algo inédito nos últimos 25 anos. ???? O governo, então, buscou os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e negociou um prazo de dez dias para apresentar uma proposta alternativa que substitua parte dos ganhos que seriam obtidos com o novo IOF. Congresso concede prazo de dez dias para Governo Federal apresentar alternativa ao aumento do IOF Segundo Haddad, há uma "sintonia" do governo com Câmara e Senado. E, agora, a área econômica vai definir os termos de um pacote que será apresentado primeiro a Lula, Motta e Alcolumbre. "É definir qual vai ser o recorte que vai ser feito dessas medidas e apresentar aos três presidentes. Se nós chegarmos a uma boa definição, 70, 80, 90% daquilo que for discutido... Se houver uma compreensão que é hora de avançar, eu acredito que vamos dar uma perspectiva muito mais sustentável, sem essas medidas paliativas", disse. "Eu já estava muito confortável com o debate com os líderes, hoje estou muito mais. Temos uma oportunidade de fazer as reformas necessárias para o país continuar a gerando emprego, caindo o juro, que é o que o Brasil precisa", completou.

Jun 2, 2025 - 10:00
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Haddad admite alterar de novo IOF e fala em 'corrigir distorções' em tributos dos bancos nesta semana, mas quer reformas estruturais
Governo negociou prazo de 10 dias com o Congresso para apresentar alternativas à elevação do IOF – onde já houve recuo após reação negativa do mercado. Pacote ainda não foi revelado. Haddad fala em corrigir 'outras distorções de tributação' e retomar reformas estruturais para rever alta contestada do IOF O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse acreditar que será possível "melhorar" a regulação do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), com novas alterações, assim como "corrigir outras distorções" relativas a tributos do sistema financeiro. Em entrevista a jornalistas na portaria do Ministério, ele também afirmou, nesta segunda-feira (2), que esses dois ajustes em tributos, necessários para fechar as contas do orçamento de 2025, têm de ser tratados em conjunto com reforma estruturais — ou seja, com mudanças permanentes em regras para gastos públicos. "Nós sabemos o que precisa ser feito. Precisamos tomar uma decisão política do que será feito. E, diante do que eu ouvi, acredito que nessa semana a gente possa resolver e melhorar tanto a regulação do IOF, mas aí combinado com as questões estruturais. Não dá para dissociar mais uma coisa da outra", disse Fernando Haddad. "Quer alterar o curto prazo? Altera o longo prazo junto, porque aí você faz uma combinação que dá para o investidor, para o cidadão trabalhador, do horizonte das regras do jogo daqui para frente, com previsibilidade, com transparência, e com discussão sobre a justiça", acrescentou o ministro da Fazenda. Questionado, Haddad preferiu não antecipar quais medidas serão anunciadas nesse pacote para "calibrar" – ou seja, reduzir o impacto – do aumento nas alíquotas do IOF. Ele indicou, porém, que a proposta encaminhada no ano passado pelo governo ao Legislativo, que sequer foi votada, de aumentar a CSLL dos bancos para fechar o rombo no orçamento deste ano, não deve ser enviada novamente. "A CSLL tem um problema que é a noventena [precisa de 90 dias para entrar em vigor]. Já estamos no meio do ano, ela não é o melhor remédio para o problema que estamos enfrentando agora", disse o ministro. Haddad afirmou, no entanto, que as "reformas estruturais vão voltar para a mesa" – sem citar quais. "Eu tenho duas alternativas. Uma é, com uma medida regulatória, resolver o problema de forma paliativa para cumprir as metas do ano. A outra, que interessa mais à Fazenda, é voltar para as reformas estruturais. Em 2023, várias foram feitas, nós ganhamos nota com as agências de risco, ganhamos prestígio, os investimentos voltaram", declarou. Questionado sobre a reforma administrativa, indicada por parlamentares como uma possibilidade neste momento, Haddad avaliou que há pontos que podem, inclusive, aumentar despesas, com as mudanças relativas à segurança pública. E voltou a defender limitação dos supersalários e mudanças nas aposentadorias dos militares. "Já mandamos algumas dimensões da reforma administrativa que, na minha opinião, deveriam preceder toda e qualquer votação: a questão dos supersalários e o acordo que foi feito com as forças [armadas] em torno de aposentadoria. Daríamos uma bom exemplo para começar a discutir esse tema começando pelo topo do serviço público", disse o ministro da Fazenda. ???? Em maio, o governo anunciou uma elevação no IOF cobrado sobre diversas operações financeiras – mas começou a recuar no mesmo dia, após reação negativa do mercado. ???? O Congresso começou, nos dias seguintes, a se movimentar para aprovar uma derrubada do decreto presidencial, algo inédito nos últimos 25 anos. ???? O governo, então, buscou os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e negociou um prazo de dez dias para apresentar uma proposta alternativa que substitua parte dos ganhos que seriam obtidos com o novo IOF. Congresso concede prazo de dez dias para Governo Federal apresentar alternativa ao aumento do IOF Segundo Haddad, há uma "sintonia" do governo com Câmara e Senado. E, agora, a área econômica vai definir os termos de um pacote que será apresentado primeiro a Lula, Motta e Alcolumbre. "É definir qual vai ser o recorte que vai ser feito dessas medidas e apresentar aos três presidentes. Se nós chegarmos a uma boa definição, 70, 80, 90% daquilo que for discutido... Se houver uma compreensão que é hora de avançar, eu acredito que vamos dar uma perspectiva muito mais sustentável, sem essas medidas paliativas", disse. "Eu já estava muito confortável com o debate com os líderes, hoje estou muito mais. Temos uma oportunidade de fazer as reformas necessárias para o país continuar a gerando emprego, caindo o juro, que é o que o Brasil precisa", completou.

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